As estatísticas do Google Analytics estão enlouquecendo você? O número de fãs e de seguidores no Twitter estacionou? Muita calma nessa hora. Já pensou que talvez você esteja melhor preparado para monetizar seu blog do que o colega que tem um número mais expressivo de seguidores? Vem cá ver!
Ok, não somos loucos de dizer que pageviews não importam para quem quer monetizar seus domínios. Ou talvez você nem esteja pensando no rendimento financeiro, mas gostaria de ter mais reconhecimento pelo seu blog. Mas além do número de visitas, importa muito, muito mesmo, o envolvimento que esses visitantes têm com seu blog. A grosso modo, engajamento é o grau de envolvimento, interação e confiança que as pessoas têm com a sua marca.
Vamos pensar em alguém que tenha milhões de seguidores. Uma pessoa famosa, por exemplo. O fato de essa pessoa dizer que determinado celular é bom garante que a maioria dos fãs irão comprar aquele aparelho? Não. Mas experimente oferecer um aparelho para a Bia Kunze testar e resenhar para ver o que acontece. Se a resenha for positiva, é porque o aparelho realmente é bom, pois ela não fala bem de uma marca só por estar sendo paga para isso, e aponta os problemas também. Se ela fala bem de um esquipamento, as pessoas confiam. E ela tem leitores e fãs engajados, pessoas que compartilham o que ela escreve, que sugerem o blog dela aos amigos que estejam pensando em trocar de aparelho. Não quer dizer que todo mundo vai sair correndo trocar de aparelho sempre que ela falar bem de algum celular, mas certamente ela tem muito mais influência na decisão desse tipo de compra do que, sei lá, o Barack Obama com seus mais de 49 milhões de seguidores.
Vou me usar como exemplo. Sou aquela que corre ao blog dela sempre que considero trocar de aparelho e indico o blog dela a todos que me pedem opinião sobre isso. Sequer assino o feed da Bia, porque não tenho interesse em acompanhar todos os lançamentos em celulares e tablets, mas é lá que sempre procuro primeiro as resenhas. Tenho mais engajamento pela marca pessoal dela do que de muita fanpage de marcas famosas que curti no Facebook. A Samsung tem 168 mil followers a mais que a Bia, mas aposto que a Garota Sem Fio influencia muito mais a decisão de compras de tecnologia móvel que o Twitter da Samsung.
Percebe que pageviews, número de seguidores no Twitter e fãs no Facebook por si só não garantem o sucesso de uma marca e/ou de um blog? Não quer dizer que você vai ignorar completamente as estatísticas, mas não dá para perder o sono por causa delas. Talvez você me diga que a Bia tem seguidores na casa dos milhares. Então eu lembro você que não só ela já tem mais de uma década trabalhando com tecnologia móvel, mas também que, lógico, se você tem um blog sobre cinema, por exemplo, não dá mesmo para se comparar com a Pixar. Avalie quem tem o mesmo tempo de estrada no seu nicho que você, quem tem os mesmos recursos que você. Se eu recentemente tivesse inciado um blog sobre tecnologia móvel jamais poderia comparar minhas estatísticas com as da Garota Sem Fio, que está nesse nicho há muitos e muitos anos. O mesmo vale para o engajamento: eu não poderia me comparar a ela.
Então o que você tem que olhar? Particularmente dou mais importância aos comentários do que ao número de acessos, por exemplo. Porque nos pageviews são contabilizados também os paraquedistas, aquelas pessoas que caem no seu blog porque um belo dia você escreveu a palavra “pelada” se referindo ao futebol, mas muita gente cai na sua página buscando por mulheres nuas – e que saíram correndo logo que constataram não ser o que buscavam. Aliás, isso me lembra uma situação ocorrida em 2008, quando a blogosfera foi tomada por centenas de pessoas querendo ter um blog, mas sem o mínimo de noção sobre como fazer isso direito. No final do post eu conto. :D
No caso do Twitter, contam mais os replies e RTs do que número de seguidores, por exemplo. No fuzuê das timelines nem sempre você vê tudo que todo mundo publicou, certo? O que garante ao dono do perfil que você de fato leu a publicação é você dar um reply com algum comentário, apenas seguir o perfil não garante nada. No caso do Facebook é ainda mais complicado, já que hoje em dia não dá mais para confiar muito nas estatísticas de alcance, é mais seguro avaliar número de comentários nas publicações.
Então, resumindo: não ignore as estatísticas, mas não dê a elas mais importância do que ao engajamento. Não adianta ter dois mil acessos diários e nenhum comentário em nenhum post. Não adianta ter dez mil fãs no Facebook se ninguém deixa comentários e não curtem as publicações. É melhor ter o envolvimento de um número reduzido de pessoas do que falar para uma platéia imensa, mas que na verdade nem presta atenção no que você está dizendo. :)
E o causo ficou pro final, como prometido. Como já dito, a blogosfera estava tomada por um monte de blogueiros inexperientes. Muita gente bem intencionada, mas que não sabia o que estava fazendo, e muuuita gente mal intencionada. Foi assim por vários anos, já em 2004 textos do Alexandre Inagaki tinham ido parar em apresentações de power point com o texto atribuído a autor desconhecido. Blogueiros que estavam blogando seriamente estavam, logicamente, exaustos de tentar dialogar e de terem seu trabalho plagiado descaradamente. Então a Nospheratt elaborou um guia em PDF, o Bê-a-blog, com tudo que um blogueiro deveria saber, especialmente os novatos, contando com o apoio de vários blogueiros experientes, empresas de hospedagem, agências digitais e afins. Guia pronto, era hora de divulgar. A blogosfera estava uma verdadeira bagunça, o que vejo hoje de infração aos Direitos Autorais é brincadeira de criança perto do que acontecia naquela época. O objetivo era que o guia alcançasse o maior número possível de blogueiros e, para isso, embora o conteúdo do material seja sério e importante, o link do post que divulgou o guia foi criado para atrair “Deus e o mundo”: be-a-blog-download-gratis-blogs-pelados-e-sem-roupa-de-gratis. Está rindo? Eu também, especialmente porque me lembro desse link sendo divulgado por todos os cantos da internet na época, mas a história é séria e real. Acho que as pessoas estavam tão cansadas, mas tão cansadas de terem seu conteúdo roubado que a divulgação do guia virou também uma trollagem aos paraquedistas. E, claro, tantos acessos de paraquedistas contribuíram no link building, ou seja, a trollagem também ajudou a alcançar quem precisava ser alcançado. O material continua disponível, embora não mais com o mesmo permalink, você pode baixá-lo aqui. Mas por favor, não recomendo sair por aí seguindo o exemplo acima citado, pois as diretrizes do Google estão sempre mudando e, agora, há punição para quem não entrega o que promete. ;)
Gostou da historinha? E as estatísticas, você deixa que elas roubem sua sanidade? Como tem sido sua experiência considerando pageviews versus engajamento? E se tiver causo da “blogosfera de várzea” para contar, não se intimide, vamos adorar relembrar com você. :)